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terça-feira, 13 de abril de 2010


O morcego cósmico


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A constelação de Órion, o caçador, é mais conhecida por abrigar as Três Marias, três estrelas brilhantes e bem alinhadas no céu. As três estrelas formam o Cinturão de Órion, no desenho do caçador projetado no céu pela mitologia antiga. Mas Órion é muito mais que isso. Guarda, por exemplo, a Nebulosa de Órion, magnífica região de formação de estrelas, e a Nebulosa da Cabeça do Cavalo, cuja silhueta escura lembra e muito um cavalo. Mas tem muito mais que isso: em Órion está praticamente escondido o morcego cósmico.
Mais conhecido como NGC 1788, o morcego cósmico é na verdade uma outra magnífica nebulosa onde estrelas jovens se aninham com estrelas ainda mais jovens, em estágios primitivos de formação. Essa forma de morcego colorido, que é mais nítida em imagens de grande escala, tem razão de ser.
A Nebulosa de Órion é um grande berçário de estrelas de grande massa. Estrelas desse tipo (as minhas preferidas) produzem um vento muito forte que afeta mesmo regiões distantes delas. Esse vento deforma, esculpe e comprime o gás interestelar. Num primeiro estágio, ajuda a formar uma nova geração de estrelas. Mas num segundo momento, acaba por varrer todo o gás das nuvens e interrompe a formação de estrelas.
Para nossa sorte, NGC 1788 está no lugar certo na hora certa. Localizada em uma região com alta incidência de estrelas de alta massa, ela sofre com a ação dos ventos. É possível notar inclusive uma nuvem avermelhada à esquerda da imagem, fruto da ionização do hidrogênio por essas estrelas distantes. Pertencentes a essa nebulosa em si, poucas estrelas são visíveis, como a alaranjada no topo. Não que sejam poucas, pelo contrário, mas a grande parte ainda está mergulhada nos seus berçários de gás e poeira e não pode ser vista nesta imagem. Em imagens no infravermelho elas  são dezenas!
O estudo da nebulosa mostra estrelas em três faixas etárias: as mais velhas (com alguns milhões de anos) estão à esquerda da nuvem vermelha de hidrogênio ionizado. Estrelas um pouco mais jovens estão na própria nebulosa (como a estrela em seu topo), iluminando-a por dentro, e as que ainda estão se formando (as mais jovens de todas) estão profundamente embebidas na nebulosa, invisíveis na foto.
Daqui a alguns milhões de anos a ação dos ventos das estrelas distantes vai destruir essa nebulosa, deixando à mostra as estrelas hoje escondidas. De tão fortes, os ventos estelares vão espantar o morcego cósmico.


Astronomo  Cássio Barbosa

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